Em jogo super emocionante, digno de uma final, com todos os ingredientes necessários, o Japão se sagrou hoje, na Commerzbank-Arena em Frankfurt, Alemanha, campeão da Copa do Mundo feminina pela primeira vez na história.
Japão é campeão da Copa do Mundo feminina (Foto by: Mike Hewitt - FIFA/FIFA via Getty Images)
Porém, tudo dizia o contrário.O Japão nunca tinha vencido as norte americanas, e para piorar o retrospecto, a maior goleada sofrida pelas Nadeshikos em jogos oficiais, foi um 9x0 em 1999, justamente para os Estados Unidos.Além do histórico de confrontos entre as duas equipes, as Blue Ladies nunca tinham chegado à uma final de Copa do Mundo, enquanto as norte americanas sempre ficaram entre as três melhores, e nunca perderam uma final, vencendo nas duas vezes em que foram a decisão.
Mas mesmo com todo o retrospecto favorável as Yankees, a partida não tinha favorito, pois as duas seleções chegaram à final com campanhas excelentes e parecidas, com duas vitórias e um empate na fase de grupos, e vitórias por 3x1 nas Semifinais.A única diferença foi nas Quartas de Finais, quando as japonesas eliminaram as alemãs na prorrogação, enquanto as norte americanas eliminaram o Brasil nos pênaltis, mas ainda assim, foram vitórias parecidas, conquistadas na superação, pois o Japão enfrentava as donas da casa, enquanto os Estados Unidos com uma jogadora à menos, buscou o empate no último minuto da prorrogação para levar à decisão para os pênaltis.
O jogo já prometia com todos estes ingredientes, mas ainda existiam outros fatores para tornar a final ainda mais especial.As duas equipes jogam em estilos diferentes: Os Estados Unidos, um futebol mais físico e forte, com uma defesa forte e compacta, jogadoras fortes com excelente preparo físico, e jogo aéreo como principal característica e arma, depositando suas esperanças em Hope Solo, Lloyd e Wambach.Já o Japão, era o contrário.As Nadeshikos tem um estilo mais leve, menos força e mais técnica, com alta posse de bola e como principal característica, a técnica, passes rápidos, precisos e criativos, velocidade e um meio campo e ataque extremamente técnico, apostando em Ando, Ohno, Sawa e Miyama para conquistar o título.
Além disso, o último fator especial era a artilharia: Homare Sawa, um dos destaques do Japão, camisa 10 e capitã do time, com quatro gols, era a artilheira do torneio empatada com Marta, enquanto Abby Wambach, um dos destaques dos Estados Unidos, com três gols, brigava para se tornar a artilheira da competição.As duas jogadoras além do título, tinham em mente também, a chuteira e a bola de ouro do campeonato, visto que também lutavam pelo prêmio de melhor jogadora da competição.
E quando o jogo começou, parecia que a tradição norte americana superaria a inexperiência nipônica em decisões.O Japão começou nervoso, não praticava o encantador futebol das últimas partidas, principalmente nas históricas vitórias sobre Alemanha e Suécia, enquanto os Estados Unidos com personalidade, ia com tudo ao ataque.A pressão das norte americanas era tão forte, que entre os sete e onze minutos, o time criou quatro chances de gol.Quatro oportunidades em apenas quatro minutos.
O Japão iniciava uma tentativa de melhora no jogo, e começa a equilibrar as ações, mas em um rápido contra ataque, Wambach soltou um belo chute, que carimbou o travessão da goleira japonesa Kaihori.Porém, as nipônicas continuaram a melhorar, e aos trinta minutos, surgiu a primeira grande chance.Kozue Ando saiu na cara da goleira Hope Solo, mas finalizou fraco, facilitando a defesa da arqueira norte americana.
E essa acabou sendo a única chance nipônica na primeira etapa, pois após ela, os Estados Unidos voltaram a dominar, e criaram mais algumas oportunidades, mas a defesa japonesa se portou bem, e conseguiu evitar o gol norte americano.
Na segunda etapa, o panorama do jogo não mudou, e os Estados Unidos começaram novamente no ataque, com Morgan que tinha entrado no intervalo no lugar de Cheney, acertando a trave de Kaihori mais uma vez.
Os Estados Unidos seguiam pressionando, enquanto o Japão continuava decepcionando, conseguindo em raras jogadas, lampejos de suas principais jogadoras, como em um belo lançamento de Sawa, que deixaria Ohno na cara do gol, porém, a auxiliar Marina Wozniack erroneamente, anotou impedimento no ataque nipônico.
A resposta americana veio logo em sequência, com Wambach em sua melhor arma, o jogo aéreo, cabeceando para excepcional defesa da baixinha Kaihori, que com apenas 1,70m de altura, se esticou toda e salvou o Japão.
Logo após este lance, o técnico japonês Norio Sasaki fez algo inesperado.As melhores jogadoras japonesas na partida, eram Ando e Ohno, mas ambas foram substituídas por Nagasato e Maruyama, numa tentativa de Sasaki, de dar mais força física e jogo aéreo ao time.
Mas o gol norte americano amadurecia e não estava longe, e três minutos depois, num rápido contra ataque, Rapinoe lançou Morgan, que ganhou de Kumagai e num belo chute, abriu o placar para os Estados Unidos.
Muitos não acreditavam no talento das japonesas, e davam o jogo e o título já vencidos pelos Estados Unidos, mas as nipônicas não desistiram e aos trinta e cinco minutos, as substituições de Sasaki, se mostraram corretas.Nagasato fez boa jogada pela direita e cruzou para a área, Maruyama dividiu, e a defesa americana marcou bobeira, a bola acabou sobrando para Aya Miyama, um dos grandes destaques do Japão em todo o torneio, que não desperdiçou, e empatou o jogo em 1x1.
Miyama é cercada pelas companheiras após marcar o gol de empate (Foto by: Martin Rose/Getty Images)
O Japão melhorou muito após o gol, e com mais confiança, foi mais o ataque, demonstrando em alguns lances, o futebol técnico e bonito que apresentara durante o torneio.Aos quarenta e quatro minutos, na jogada mais bonita das Blue Ladies na partida, Sawa tocou para Miyama, que lançou Maruyama, a atacante tocou para Kawasumi, que deixou para Sakaguchi perder boa chance.
Após a bela jogada japonesa, os Estados Unidos partiram para cima e pressionaram em busca do gol, mas não obteram êxito.O tempo normal terminava em 1x1, e teria prorrogação, para alegria dos espectadores, que acompanhavam um grande e belo jogo.
A prorrogação começou como os outros dois tempos da partida, com as norte americanas em cima.Logo aos cinco minutos, Morgan deixou duas marcadoras para trás, e quase marcou um belo gol.
As americanas seguiram pressionando, e o Japão parecia ter perdido de vez seu encanto.Aos treze minutos, veio o que parecia ser o gol do título.Wambach de cabeça, colocava as norte americanas novamente em vantagem.
Era o quarto gol da camisa 20, que concorria ao prêmio de melhor jogadora do torneio, e empatava com Sawa e Marta na artilharia da competição.Parecia que ela iria faturar o título e dois prêmios no mesmo dia.
O primeiro tempo da prorrogação terminou em 2x1 para as norte americanas, e no segundo tempo, o Japão voltou um pouco mais agressivo, em busca do empate.
Aos nove minutos, Sawa deu um belo lançamento para Kinga, que chapelou a goleira Hope Solo e ia marcando um golaço, mas a capitã Rampone, salvou em cima da linha, jogando para escanteio, escanteio que seria o mais feliz da história das Nadeshikos.
Aya Miyama, como já mencionado, um dos grandes destaques nipônicos, foi para a cobrança do córner.Com perfeição, a camisa 8 bateu o escanteio.Os grandes nomes da história do futebol, ficam marcados em momentos históricos, decisivos, emocionantes, e bonitos, momentos como esse.E foi exatamente nesse momento, nesses segundos de pura beleza e magia, que Homare Sawa, que já tinha seu nome escrito na história do futebol feminino, apareceu entre as zagueiras norte americanas e anotou um belo gol.O quinto gol da camisa 10 no torneio foi um gol especial, não apenas por fazer dela, a artilheira isolada da competição, mas sim, por fazer até quem não é japonês e não torce pelo Japão, gritar e vibrar muito com o tento.Um gol e um momento mágico, daqueles que apenas o futebol com sua beleza inexplicável pode proporcionar.
Sawa comemora seu gol mágico (Foto by: Kevin C. Cox - FIFA/FIFA via Getty Images)
O gol deu ânimo novo as Nadeshikos, que foram com mais psicológico para a disputa de pênaltis, que definiria enfim, o campeão da Copa do Mundo.
Conhecida como fábrica de heróis e vilões do futebol, a disputa de pênaltis de hoje não poderia ser diferente, e novamente, fabricou desta vez, heroínas e vilãs.
A heroína surgiu logo no primeiro pênalti.Kaihori, começava a gravar seu nome na história ao defender a cobrança da experiente Shannon Boxx.Na sequência, Aya Miyama lembrando muito o camisa 7 da seleção masculina do Japão, Yasuhito Endo, converteu sua cobrança com a sua natural categoria.
Com a desvantagem, as norte americanas perderam de vez a cabeça, Lloyd, craque do time, desperdiçou sua cobrança.As Blue Ladies tinham em Nagasato, grande chance de ampliar a vantagem, mas a atacante também perdeu, parando na goleira Hope Solo.
Na terceira cobrança norte americana, Kaihori gravou de vez seu nome na história, defendendo a cobrança de Heath, e Sakaguchi deixou o Japão com 2x0 na disputa de pênaltis.
Com duas defesas na disputa de pênaltis, Kaihori foi uma das heroínas do título japonês (Foto by: Friedemann Vogel/Getty Images)
Na sequência, Wambach tirou o zero do lado das americanas, mas de nada adiantou, e Kumagai ao converter sua penalidade, fez história, dando o primeiro título de um torneio da FIFA seja no masculino ou no feminino, ao Japão.
Capitã Sawa ergue a taça de campeã do mundo (Foto by: Patrick Stollarz/AFP/Getty Images)
E para trazer ainda mais alegria as japonesas, a capitã e um dos destaques do time, a camisa 10, Homare Sawa, foi coroada não só a artilheira do campeonato com a chuteira de ouro, mas também, a melhor jogadora da competição, ganhando a bola de ouro.
Craque e arilheira da competição, Sawa comemora o título com a chuteira e a bola de ouro, e o técnico Norio Sasaki, com o troféu de campeão (Foto by: Christof Koepsel/Getty Images)
O Japão merecidamente, conquista o título e entra para a história com seu primeiro triunfo.Um belo feito que marca de vez as craques Aya Miyama e Homare Sawa, traz mais confiança e forças a essa seleção, que jovem, ainda continuará junta por mais tempo, e que fará um bem ainda maior para o futebol feminino japonês no futuro próximo, encorajando mais garotas da terra do Sol Nascente a jogar futebol.
Japonesas comemoram o título inédito (Foto by: Christof Stache/AFP/Getty Images)
Calamos a boca de todos, vitória linda... INCONTESTÁVEL!
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