sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Mesmo sem vontade e brilho, Japão goleia Tadjiquistão com facilidade

Japoneses comemoram a vitória sobre o fraco Tadjiquistão (Foto: Gabriel Pazini/Futebol Plus)

Foi sem brilho e com ainda menos vontade, mas o Japão, hoje pela manhã, goleou com facilidade, o fraco Tadjiquistão por 4x0, pela 4ª rodada das Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo FIFA 2014, em Dushanbe, Tadjiquistão, no estádio Respublikanskiy im. M.V. Frunze. O jogo foi especial para Shinji Okazaki. O Ogro marcou dois dos quatro gols nipônicos no jogo e com isso, é agora, o 5º maior artilheiro da história dos Samurais Blues, ao lado de Kazushi Kimura, ambos com 26 gols. O matador deixou para trás, o gênio, Shunsuke Nakamura, com quem dividia a 6ª posição anteriormente, com 24 tentos. Com o resultado, os Samurais Blues continuam na liderança do grupo C das Eliminatórias, com 10 pontos e bem próximos da classificação. Caso o Uzbequistão vença a Coreia do Norte em jogo que será realizado ainda hoje, o Japão e os uzbeques avançam.

O técnico italiano da seleção japonesa, Alberto Zaccheroni, que estava em dúvida sobre quem usar no meio e ataque, optou pela formação que muitos julgam a titular atualmente, com as ausências de Honda, Nagatomo e Matsui, e com isso, o Japão entrou em campo no 4-5-1, com variações para 4-3-3 e 4-2-3-1, com: Kawashima; Uchida, Yoshida, Konno e Komano; Hasebe (C), Endo, Okazaki, Kengo Nakamura e Kagawa; e Havenaar.

Com as ausências de Honda, Nagatomo e Matsui, Zacc mais uma vez optou por Komano no lugar do lateral da Inter de Milão, ao invés de Yasuda, o que mais uma vez, acho um desperdício, pois Yasuda é mais jovem e qualificado tecnicamente do que o lateral do Jubilo Iwata, no entanto, Komano mais uma vez não foi brilhante e fez a diferença, mas, também, não atrapalhou. No duelo entre Kengo Nakamura e Hiroshi Kiyotake, Zacc optou pelo estilo mais clássico, armador e de toque de bola de Kengo, embora Kiyotake também tenha essas qualidades (em menor escala) mas tenha mais agressividade e abuse mais dos dribles, enquanto Kengo, aposta mais em passes milimétricos. Já para o lugar de Matsui, ainda lesionado, o italiano mais uma vez utilizou Okazaki aberto pela direita, como foi em grande partida da Copa da Ásia no começo do ano, quando Matsui se contundiu e o Ogro passou a jogar por ali. Como referência, Havenaar escolhido para o Japão ter mais força pelo alto. Todas escolhas válidas e que também faria, com exceção de Komano ao invés de Yasuda, além é claro, de outros jogadores que teria convocado.

E o jogo foi bem monótono, principalmente no 1º tempo. O Japão até tinha certo domínio, mas jogava sem vontade, sem brilho, criando poucas chances reais de gol. Mas após certa insistência, o gol veio com Konno, aproveitando rebote do goleiro. Hasebe deu um belo passe para Kengo, que acabou perdendo o gol, mas, no rebote, Konno fuzilou para o gol, abrindo o placar para o Japão.

Após o gol, os Samurais Blues pouco criaram, e a primeira etapa terminou realmente em 1x0. No 2º tempo, o jogo melhorou um pouco. O Japão se lançou um pouco mais ao ataque, embora tenha tomado alguns contra ataques do adversário. Zaccheroni tirou Havenaar, que não produziu nada, e para delírio dos críticos, lançou Maeda, no folclore, Maerda, que ainda viria a calar a boca de todos mostrando toda a classe no magnífico relvado em que ocorria o certame. Tudo baboseira, Maeda marcou um belo gol, mas continua não sendo jogador a nível de seleção, e o gramado era muito ruim e foi alvo de críticas, sobretudo de Hasebe, o capitão nipônico, que afirmou em entrevista as televisões japonesas após a partida, que esse foi o pior e mais sujo gramado em que já jogou.

Mito comemora momento histórico (Foto: Reuters)

Enfim, Zacc lançou Maeda e pouco tempo depois disso, o Japão ampliou a vantagem. Kagawa, o jogador que disparado, era o que tinha menos vontade e que parecia estar jogando uma "pelada", na única vez em que resolveu jogar, fez uma bela jogada e deixou Okazaki livre para marcar. O craque do Borussia Dortmund recebeu passe de Kengo Nakamura, driblou facilmente seu marcador e de canhota, cruzou para Okazaki, de cabeça, marcar seu 25º gol com a camisa da seleção japonesa e se tornar o 6º maior artilheiro da história da seleção nipônica, desempatando com Nakamura, que somou 24 tentos nos 10 anos em que atuou pela seleção principal.

O gol do Ogro foi anotado aos 15 minutos da 2ª etapa. Mas o fato mais histórico da partida ainda estava por vir. Após perder mais algumas chances, o contestado Maeda calou a boca dos críticos, e aos 38min, após receber passe de Kengo Nakamura, deixou dois marcadores para trás e num belo chute, anotou o 3º gol nipônico.

E após o fato histórico e mais inesperado da noite, afinal, Maeda marcando golaço pelo Japão é algo raro, foi a vez de Okazaki fazer história mais uma vez. Em linda jogada que envolveu todo o ataque, Kiyotake, que tinha entrado no lugar de Kengo Nakamura, tocou para Kagawa, que de letra, devolveu para Kiyotake, que tocou para Maeda, que devolveu para o meia do Cerezo Osaka que de primeira, tocou para Okazaki fuzilar para o gol. Uma bela troca rápida de passes, com técnica e bonita, bem ao estilo japonês, e o gol. O 4º gol do Japão e o 2º de Okazaki na partida, foi o 26º tento do Ogro com a camisa da seleção japonesa. Com a nova marca, Okazaki se tornou, ao lado de Kazushi Kimura, o 5º maior artilheiro da história da seleção. Mas vale lembrar que a marca de Okazaki é impressionante, pois Kimura conseguiu o feito em 54 jogos e 7 anos de seleção, enquanto Okazaki o conseguiu em 48 jogos e 3 anos de seleção.

Okazaki alcançou marca histórica (Foto: Reuters)

O gol foi anotado aos 47 minutos, e, após o tento, o Japão administrou a vantagem nos minutos restantes e saiu com a goleada por 4x0.

Nada comparado com o 8x0 da última partida, contra o mesmo Tadjiquistão, mas, ao menos, para um time que jogou sem vontade, sem brilho e que mesmo assim protagonizou uma jogada e gol genial, e goleou um adversário, por mais fraco que seja, por 4x0, está de ótimo tamanho.

O Japão continua na liderança do grupo C, com agora, 10 pontos, e espera o resultado de Uzbequistão x Coreia do Norte para saber se fica líder sozinho, ou com a companhia dos uzbeques, que em caso de vitória, se juntam ao Japão com 10 pontos. No entanto, os Samurais Blues até torcem pela vitória uzbeque, afinal, nesse caso, Japão e Uzbequistão garantem vaga na próxima fase das Eliminatórias Asiáticas para a Copa 2014. Quanto ao Tadjiquistão, a seleção está eliminada das Eliminatórias, visto que não tem como se classificar para a próxima fase.

O próximo jogo do Japão será na terça-feira (15), contra a Coreia do Norte, fora de casa.


Análise individual dos jogadores:


Eiji Kawashima: 7

Seguro e pouco exigido.

Atsuto Uchida: 6

Partida na média, sem comprometer, mas também sem grandes jogadas.

Maya Yoshida: 6

O mesmo de Uchida.

Yasuyuki Konno: 8

O mesmo que Uchida e Yoshida, ganha 8 pelo gol e mais presença no ataque.

Yuichi Komano: 6

Burocrático como sempre.

Makoto Hasebe: 7

Boa atuação. Seguro, importante defensivamente, iniciando boas jogadas ofensivas e participando decisivamente com um belo passe, da jogada do primeiro gol.

Yasuhito Endo: 5

Muito abaixo do que pode. Sumido no jogo.

Shinji Okazaki: 9

Dos poucos que mostraram um pouco de vontade. Dois gols, marca ainda mais o seu nome na história do futebol japonês, apareceu bem no ataque e ainda lutou sempre pela bola.

Kengo Nakamura: 7

Deu alguns bons passes, participou do 1º gol, iniciou a jogada do segundo e deu a assistência para o gol de Maeda, mas pode render muito mais.

Shinji Kagawa: 7

Devagar quase parando e sem vontade, mas deu a assistência para o 2º gol e participou do 4º. Também pode render muito mais.

Mike Havenaar: 5

Assim como Endo, esteve muito abaixo do que pode e sumido do jogo.

Ryoichi Maeda: 8

Curvem-se perante o gol histórico do folclórico Maerda.

Masahiko Inoha: 6

Entrou no lugar de Uchida. Será mesmo? Não produziu nada, pouco apareceu, mas não comprometeu e cumpriu seu papel.

Hiroshi Kiyotake: 8

Entrou com vontade, se movimentando, buscando o jogo, dando passes, dribles e foi o cérebro da linda jogada do 4º gol, além de dar a assistência para o tento.

Alberto Zaccheroni: 8

Escalou bem o time e fez boas substituições (com exceção de Maeda, embora ele tenha feito um golaço). A única ressalva é para Komano ao invés de Yasuda e podia ter cobrado mais vontade do time.



Classificação Grupo C:

Posição Seleção Jogos Pontos

1- Japão 4J 10pts

2-Uzbequistão 3J 7pts

3-Coreia do Norte 3J 3pts

4-Tadjiquistão 4J 0pt


Zona de classificação para a próxima fase das Eliminatórias

Eliminado