terça-feira, 11 de outubro de 2011

Foi tão fácil, que foi até sem graça

Avassalador e dando um show, o Japão massacrou na manhã de hoje, sem piedade alguma, em Osaka, no Nagai Stadium, em partida válida pelas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo FIFA 2014, o Tadjiquistão por um incrível 8x0. Com o resultado, os Samurais Blues lideram o grupo C da competição, com 7 pontos, mesma pontuação do vice líder Uzbequistão (Japão leva vantagem no saldo de gols e gols marcados), que no outro jogo da chave, bateu a Coreia do Norte por 1x0. O jogo foi tão fácil para os japoneses, que dominaram a partida do início ao fim, que embora quem assistiu a partida, tenha visto um grande espetáculo por parte dos nipônicos, achou o jogo até um tanto sem graça.

Kengo Nakamura foi o grande nome da goleada nipônica (Foto: Sanspo)

Mas foi um verdadeiro show do Japão, que com grandes atuações de Kengo Nakamura (o nome do jogo), Shinji Kagawa, Shinji Okazaki e Mike Havenaar, não deu chance alguma ao adversário, e chegou facilmente a goleada. O fraco Tadjiquistão não ofereceu perigo à meta japonesa, e o goleiro nipônico, Eiji Kawashima, pouco apareceu na partida. Se o craque, Kagawa, um dos destaques do jogo de hoje, não cumpriu a promessa de show contra o Vietnã, na partida desta manhã, ele e os Samurais Blues de forma tardia, cumpriram a promessa, dando um grande espetáculo a quem acompanhou a partida. Outro detalhe é que os destaques da partida marcaram gols, e duas vezes, com exceção de Kengo Nakamura, que anotou um tento, mas que ainda deu três assistências e participou de outro gol. O outro gol foi marcado pelo lateral direito, Yuichi Komano. O lateral inclusive, e também Yuto Nagatomo e Makoto Hasebe, foram outros que também tiveram atuações de destaque, embora em um nível um pouco abaixo do quarteto já citado.

Ainda com os desfalques de Keisuke Honda, Daisuke Matsui e Atsuto Uchida, mas desta vez sem testes, com o melhor time possível (ainda que sem nomes que poderiam ter sido convocados, como Inui, Usami e Miyaichi), o Japão, comandado pelo técnico italiano, Alberto Zaccheroni, entrou em campo no 4-5-1 (4-2-3-1) com: Eiji Kawashima; Yuichi Komano, Maya Yoshida, Yasuyuki Konno, Yuto Nagatomo; Makoto Hasebe (C), Yasuhito Endo, Shinji Okazaki, Kengo Nakamura, Shinji Kagawa; e Mike Havenaar.

Após muito ter se dito sobre Havenaar ser titular contra o Vietnã, o que acabou não acontecendo, a grande surpresa na escalação de hoje foi a presença do gigante entre os titulares, fazendo sua estreia entre os 11 iniciais pela seleção principal. Quanto aos outros setores da seleção japonesa, na defesa, os titulares, com exceção de Komano, que mais uma vez substituiu o lesionado Uchida. No meio campo, também o time titular, com exceção de Kengo Nakamura, executando a função de Keisuke Honda, outro desfalque por lesão, e Okazaki, que assim como na Copa da Ásia, jogou na posição de Daisuke Matsui, outro desfalque.

Com o melhor que tinha, o Japão não deu chance alguma, e desde o primeiro segundo da partida, dominou o adversário. Com menos de um minuto aliás, o selecionado nipônico já foi para o ataque e quase marcou. Hasebe fez linda jogada pela direita e rolou para Kagawa, que de primeira, tocou para Okazaki que chutou para defesa fácil do goleiro adversário. Logo na sequência, o Ogro finalizou mais uma vez, desta vez por cima da meta.

A pressão continuou pelos cinco minutos seguintes, mas os Samurais Blues desperdiçavam muitas chances, foi um show também, de gols perdidos. Aos 10 minutos, Kagawa fez linda jogada individual, mas a bola não entrou.

E após muito pressionar, finalmente o gol saiu. Aos 11 minutos, Komano fez boa jogada pela direita, e cruzou para Havenaar, de cabeça, abrir o placar.

Logo na estreia como titular na seleção, Havenaar marca dois gols, confirmando sua excelente fase (Foto: Sanspo)

Após gol, o Japão que já mandava no jogo, passou a dominar ainda mais, porém, desperdiçava todas as chances, uma atrás da outra.

Mas desta vez, o ditado: "Quem não faz, toma" não se tornou realidade, pois a seleção japonesa dominava totalmente o adversário, que não conseguia passar do meio campo. E tamanha pressão só poderia resultar em mais tentos. E o segundo, saiu com 19 minutos. Novamente Komano fez boa jogada pelo flanco direito, e tocou para Kengo Nakamura, que em belo passe, deixou Okazaki livre para chutar forte e fazer a festa em Osaka: 2x0.

A seleção só não teve um placar ainda mais elástico pela falta de pontaria e competência do goleiro do Tadjiquistão, que fez boas defesas.

Aos 31 minutos, Havenaar teve chance de marcar seu segundo gol, mas errou por pouco, na cabeçada, a bola subiu demais.

E o jogo estava tão fácil que até Komano deixou o dele. Aos 34 minutos, Kengo chutou, o goleiro bateu roupa e o lateral, da entrada da área, soltou uma bomba rasteira e ampliou a vantagem nipônica para 3x0. Um belo gol do lateral direito, que assim como Kengo Nakamura, Kagawa, Okazaki e Havenaar, teve bela atuação.

Kagawa também marcou duas vezes na goleada (Foto: Sanspo)

Em atuação de gala, o Japão chegou ao quarto gol ainda na primeira etapa. Aos 41 minutos, Kengo Nakamura, um dos protagonistas da bela atuação nipônica, teve mais um momento importante na partida, achando Kagawa, outro protagonista do jogo, livre na área. E em belo toque por cima do goleiro, Kagawa anotou o quarto tento japonês. Estava muito fácil.

Enquanto o Japão dava um verdadeiro show no meio campo e ataque, a defesa nipônica era apenas espectadora privilegiada da partida. Principalmente o goleiro, Eiji Kawashima, que sequer apareceu na primeira etapa, pois o Tadjiquistão estava tão perdido e refém, que sequer chegou a finalizar em todo o primeiro tempo, aliás, o time mal passou do meio campo.

Na segunda etapa, esperava-se que o Japão puxasse o freio de mão e apenas administrasse a vantagem, e que o Tadjiquistão tentasse ao menos, diminuir a vergonha, no entanto, não foi o que aconteceu. Os Samurais Blues continuaram a dominar a partida, criar e desperdiçar inúmeras chances, e repetiram o placar do primeiro tempo, marcando mais 4 gols.

E o quinto gol, não tardou a acontecer. Com apenas dois minutos do segundo tempo, Mike Havenaar anotou seu segundo tento na partida.

Homem do jogo, Kengo Nakamura teve sua atuação de gala coroada com um gol (Foto: Sanspo)

Jogando bonito, trocando passes e mais passes, com domínio total da partida e posse absurdamente alta de bola (chegou em determinado momento do 2º tempo, a 70%), o Japão não demorou a chegar ao sexto gol. Após deixar os companheiros na cara do gol por muitas vezes, perder algumas chances, participar de um gol, e dar a assistência para dois, para coroar sua atuação, Kengo Nakamura anotou o quinto gol japonês.

Doze minutos depois, após perder mais algumas chances de gol, foi a vez de Kagawa marcar. Anotando seu segundo tento na partida, e o sétimo do Japão no jogo, não se sabe bem se o craque finalizou ou tentou cruzar, mas fato é que o meio campista anotou de cobertura, um belo gol, aumentando ainda mais a festa e a cantoria da fanática torcida nipônica em Osaka.

Okazaki marcou gol histórico, e também foi responsável pela festa em Osaka (Foto: Getty Images)

E para fechar a goleada com chave de ouro, Okazaki também anotou seu segundo gol na partida. Completando cruzamento de Kengo Nakamura (3ª assistência de Kengo no jogo), de cabeça, o Ogro fechou o placar em 8x0. Foi um gol histórico de Okazaki, que ultrapassou Naohiro Takahara, e se juntou a Shunsuke Nakamura na lista de maiores artilheiros da história da seleção japonesa. O matador agora soma 24 gols, e é ao lado de Nakamura, o sexto maior artilheiro da história dos Samurais Blues.

No final da partida, Zaccheroni deu chances para alguns jogadores. O italiano lançou Jungo Fujimoto na vaga de Okazaki, Hajime Hosogai no lugar de Hasebe, e Tadanari Lee, que vinha sendo titular, no lugar de Havenaar. Fujimoto mais uma vez decepcionou, e provou que não é jogador à altura da seleção japonesa. Hosogai que fez um jogo razoável contra o Vietnã e vinha se mostrando um bom reserva, entrou mal na partida, e apenas fez lambança em uma jogada. Já Lee, entrou bem no jogo e tentou deixar sua marca, mas desperdiçou todas as chances. A entrada de Fujimoto, aliás, foi o único erro de Zaccheroni, que poderia ter testado Genki Haraguchi, jovem promessa (ou seria realidade?) japonesa, que vem jogando muito bem pelo Urawa Red Diamonds, e entrou bem no amistoso contra o Vietnã.

O Japão tentou chegar aos 9x0, mas esbarrou em erros de finalização e no goleiro do Tadjiquistão, ao menos, o 8x0 foi um excepcional resultado, ainda que contra um adversário fraco, e também, foi uma belíssima exibição da seleção japonesa, que lidera o grupo e está bem próxima da classificação à quarta fase das Eliminatórias Asiáticas.



Análise individual dos jogadores:


Eiji Kawashima: Sem Nota

Mero espectador na partida. O Tadjiquistão não ofereceu perigo algum, não finalizou e mal passou do meio campo.


Yuichi Komano: 8,5

Duas assistências e um gol. Substituiu muito bem o Uchida, bela atuação.


Maya Yoshida: 6

Não foi exigido, quando apareceu, não comprometeu.


Yasuyuki Konno: 6

Idêntico ao companheiro de zaga.


Yuto Nagatomo: 8,5

Apareceu muito bem no ataque, não teve trabalho na defesa.


Makoto Hasebe: 7

Bela atuação do capitão. Sem trabalho na defesa, e muito bem no ataque, iniciando boas jogadas ofensivas com passes e lançamentos.


Yasuhito Endo: 6

Jogou para o gasto, nem precisou aparecer muito.


Shinji Okazaki: 9,5

Atuação quase perfeita do Ogro. Muita movimentação, dois gols e infernizou a defesa adversária. Já é o 6º maior artilheiro da história da seleção japonesa.


Kengo Nakamura: 9,5

Um gol, três assistências, e participou da jogada de outro. Isso fora os belos dribles, passes, enfiadas e lançamentos, deu muita criatividade ao meio campo e fez o que Endo não fez hoje. Atuação praticamente perfeita de Kengo Nakamura, provando que tem espaço na seleção, no mínimo, no banco. O homem do jogo.


Shinji Kagawa: 9,5

Outro com atuação quase impecável. Dois belos gols, dribles, movimentação e passes. Voltou a jogar no nível em que nos acostumamos a vê-lo atuar.


Mike Havenaar: 9,5

Atuação quase perfeita, uma estreia como titular para ficar marcada na memória do gigante. Fora fazer bem o pivô, proteger a bola, dar bons passes, e toda hora levar perigo e preocupação à defesa adversária, ele anotou dois gols.


Jungo Fujimoto: 1

Entrou apenas para atrapalhar.


Hajime Hosogai: 4

Entrou e fez lambança em um lance, apenas isso.


Tadanari Lee: 6,5

Se movimentou e buscou o jogo, mas perdeu todas as chances que teve.


Alberto Zaccheroni: 9

No jogo de hoje, foi quase perfeito, só poderia ter dado a oportunidade à Genki Haraguchi, ao invés de Jungo Fujimoto.



Matéria produzida por Gabriel Pazini, Diego Dantas e Elias Falarz.