Sem brilho algum, o Japão derrotou na manhã de hoje, em partida amistosa, em Kobe, a seleção do Vietnã por 1x0. O selecionado nipônico entrou com um time reserva, com apenas 4 titulares em campo, pensando já no jogo contra o Tadjiquistão, pelas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo FIFA 2014, na próxima terça-feira. Mas a falta de brilho não foi em decorrência do time reserva, afinal, mesmo faltando muitos jogadores que poderiam ter atuado, não só titulares, mas também reservas, o time que entrou em campo era muito superior ao selecionado vietnamita, faltou brilho, porque a seleção tratou a partida apenas como um amistoso, não levou o jogo a sério, e jogou apenas o suficiente para vencer por 1x0, atuando num nível bem abaixo do que o time pode render, mesmo jogando no 3-4-3, um esquema também de teste. Ao menos, o jogo serviu para que o técnico da seleção, Alberto Zaccheroni, testasse alguns jogadores e possibilidades, além de perceber os jogadores que tem e não tem condições de atuar pela seleção.
- Japão venceu, mas não convenceu contra o Vietnã (Foto: Sanspo)
Com o esquema tático montado no 3-4-3, o Japão entrou em campo com:
Nishikawa; Inoha, Konno e Makino; Komano, Hosogai, Hasebe (C) e Nagatomo; Fujimoto, Lee e Kagawa.
Como puderam perceber, Zaccheroni modificou todo o time titular que era esperado para o jogo. O técnico italiano não escalou Sakai na direita, no lugar de Komano, e nem deu a chance ao atacante, Mike Havenaar, o qual todos tinham certeza que seria titular. Veículos nipônicos inclusive, deram como certa a escalação do gigante, e o próprio Zaccheroni, em reportagem que você conferiu aqui no Futebol Nippon, também fez o mesmo, e Mike chegou a ser até entrevistado e afirmar estar feliz com a chance, no entanto, na última hora, o italiano optou por Tadanari Lee, que vem sendo titular regularmente nos jogos da seleção. Outras surpresas foram Nishikawa e Hosogai entre os titulares, pois no mais, todos os outros atletas já eram esperados entre os 11 iniciais.
Testando jogadores, dando oportunidades à Nishikawa no gol, Inoha e Makino na defesa, Hosogai no meio campo, e Fujimoto no ataque, além de mais um teste no esquema 3-4-3, Zaccheroni usou o jogo para observar jogadores que não tinha visto ainda atuando por mais tempo pelos Samurais Blues, e também, para poupar os titulares para o jogo contra o Tadjiquistão. No entanto, Zacc poderia ter testado Sakai no lugar de Komano, e Haraguchi e Kengo nos lugares de Fujimoto e Hosogai, respectivamente, pois Haraguchi tem mais características do que Fujimoto para jogar pela ponta direita, e Kengo, daria a criatividade que faltou ao time durante quase toda a partida. O italiano poderia ainda, ter testado Havenaar, que finalmente atuaria desde o início de uma partida pela seleção. Porém, os torcedores não precisam reclamar, pois Zaccheroni fez apenas testes no jogo de hoje, e é bem provável que os reservas na partida de hoje, sejam titulares no jogo de terça-feira, e os titulares de hoje (com exceção de Kagawa, Hasebe, Nagatomo e Konno, e talvez, Lee) sejam reservas.
Mas a partida de hoje não foi das melhores, pois, como já mencionado, os Samurais Blues não levaram o jogo a sério, jogaram para o gasto, e foram muito aquém do esperado. Além disso, a arbitragem foi péssima, parou demais a partida e marcou faltas desnecessárias. Quanto aos jogadores, Nishikawa mais uma vez se mostrou muito seguro e um excelente reserva para Kawashima; Inoha e Makino se saíram bem; Komano foi mais uma vez, apenas regular; Hosogai idem; e Fujimoto decepcionou mais uma vez, provando que não é jogador à nível de seleção japonesa, mesmo dando a assistência para o gol de Lee. Já os titulares, também sem levar o jogo a sério, não fugiram do que normalmente apresentam pela seleção: Konno foi seguro; Hasebe tranquilo, foi bem, sendo fundamental na marcação e ainda iniciando a jogada do gol; Nagatomo idem; Lee marcou o gol da vitória e teve boa atuação; e Kagawa foi outro a atuar bem.
- Lee finalmente desencanta e enche Kobe de felicidade (Foto: Sanspo)
Nos primeiros dez minutos, a seleção não ofereceu muito perigo, mais estudou o Vietnã do que ameaçou, a movimentação era boa, mas a conclusão e os passes deixaram um pouco a desejar. O Japão valorizou muito a posse de bola, chegou a estar com mais de 60%, mas não finalizava, o time e o jogo estavam muito sonolentos. O pior de tudo era que o Japão fazia faltas bobas no meio campo, e isso deixou o jogo ainda mais sonolento.
Aos 20 minutos, Kagawa recebeu lindo lançamento e quase marcou, a bola passou pelo goleiro, mas o zagueiro do Vietnã tirou a bola praticamente em cima da linha, foi por pouco! Aos 23 minutos, finalmente o gol saiu. Hasebe deu lindo passe para Fujimoto, que invadiu a área e rolou para Tadanari Lee, bem posicionado, concluir a jogada e abrir o placar. Com o gol, o Vietnã cochilou no jogo, deixando assim, o Japão crescer ainda mais na partida.
E logo em seguida, aos 25 minutos, Fujimoto teve boa chance para ampliar, ao bater por cobertura, mas a bola foi para fora.
Criando muitas chances, Kagawa tentava pelo flanco esquerdo, mas a zaga sempre cortava na hora H. Aos 36min, Nagatomo deu belo cruzamento, mas Makino, de cabeça, errou por pouco.
- Kagawa foi o grande nome da primeira etapa (Foto: Sanspo)
Na primeira etapa, sem sombra de dúvidas, o melhor em campo foi Shinji Kagawa, que se movimentando muito, driblando e criando boas jogadas, fez um primeiro tempo impecável. A zaga não foi exigida, mas se portou bem, assim como Nishikawa. Komano sumido, nada produziu, Nagatomo foi bem, Hosogai jogou para o gasto, enquanto Hasebe e Lee, tiveram boas atuações. O destaque negativo foi Fujimoto, o meia deu a assistência para o gol de Lee, mas tirando isso, perdeu um gol fácil, e ainda errou e desperdiçou várias jogadas.
Já no segundo tempo, o contestado zagueiro, Kurihara, entrou em campo, e curiosamente, o Japão passou a tomar um sufoco do Vietnã, que obrigou o goleiro Nishikawa a trabalhar, e fazer 3 excelentes defesas durante a segunda etapa. Abe também entrou em campo, e o Japão passou a jogar no 4-2-3-1, mas nada mudou, pois o volante do Leicester entrou muito mal, e o Japão continuou sem vontade e jogando apenas para manter a vantagem.
Mas o panorama mudou muito, depois, com as entradas de Kengo Nakamura e Genki Haraguchi, que tiveram belas atuações e deram outra cara ao futebol do Japão. Kengo deu mais criatividade ao time, dando belos passes e enfiadas de bola, enquanto Haraguchi, com movimentação, dribles e finalizações, trouxe mais penetração e agressividade ao ataque. No entanto, os Samurais que voltaram a criar chances de gol, sempre as desperdiçavam, e o placar não saiu do insistente, chato e decepcionante 1x0. O Japão melhorou no tradicional esquema, que é o perfeito para o time, mas, graças a falta de vontade e pouco caso com a partida, o jogo terminou mesmo em 1x0. Provavelmente, Zaccheroni deve utilizar Kengo e Haraguchi como titulares na partida contra o Tadjiquistão, afinal, o italiano poupou os titulares no jogo de hoje, e com os desfalques de Honda e Matsui, é bem provável que os dois sejam titulares, pois contra o Tadjiquistão, os Samurais Blues devem atuar no 4-5-1.
- Haraguchi entrou muito bem na partida e mudou junto com Kengo Nakamura, a cara do jogo (Foto: Sanspo)
O Japão perdeu algumas boas chances, e o jogo terminou em 1x0 a favor dos Samurais Blues, um resultado inexpressivo, mas que não retrata bem o que foi o jogo, pois embora tenha jogado mal, e bem abaixo do nível que pode render, a seleção japonesa podia ter saído com um placar mais elástico, e o Vietnã, pelo sufoco no começo da segunda etapa, merecia ao menos um golzinho. Ao menos, não é para se assustar e cornetar, pois o Japão jogou num esquema diferente, testando jogadores, com muitos desfalques e ainda, sem levar o jogo a sério, jogando apenas para vencer pelo gasto. No próximo jogo sim, contra o Tadjiquistão, pelas Eliminatórias Asiáticas para a Copa do Mundo FIFA 2014, com o time completo (com exceção dos já mencionados desfalques de Honda, Matsui e Uchida) e no esquema certo e tradicional (4-5-1), com o time querendo vencer, poderemos cobrar uma partida de verdade dos Samurais Blues e uma grande atuação.
O jogo é na próxima terça-feira, 11 de outubro, às 7h45.
Análise Individual dos Jogadores:
Shusaku Nishikawa - 10
Quando exigido, foi perfeito.
Masahiko Inoha - 6
Atuação regular, sem falhas e sem comprometer, deu bons passes e foi seguro.
Yasuyuki Konno - 6
Idêntico ao companheiro.
Tomoaki Makino - 6,5
Outro que foi bem na defesa, ganha o,5 ponto à mais por ter aparecido bem no ataque.
Yuichi Komano - 5
Decepcionante. Bem na defesa, mas nulo no ataque. Zaccheroni poderia ter testado Hiroki Sakai em seu lugar.
Hajime Hosogai - 5
Sumido no jogo, mas bem na defesa.
Makoto Hasebe - 7
Boa atuação do capitão. Fundamental na defesa e iniciando excelentes jogadas ofensivas, como foi no caso do gol da vitória.
Yuto Nagatomo - 7
Bem na defesa e perigoso no ataque.
Jungo Fujimoto - 5
Péssima atuação. Errou demais e desperdiçou várias jogadas. Ganha o 5 exclusivamente pela assistência.
Tadanari Lee - 8,5
Bela atuação de Lee. Se movimentou muito, criou boas chances de gol e marcou o tento da vitória.
Shinji Kagawa - 8
Não deu o show que foi prometido, mas teve bela atuação, com belos dribles e criando muitas jogadas, principalmente na primeira etapa.
Yuzo Kurihara - 1
Entrou em campo e só atrapalhou.
Yuki Abe - 4
Entrou e não foi bem. Muito mal no começo, mas depois melhorou.
Maya Yoshida - 6
Entrou e foi regular, como seus colegas de defesa (com exceção de Kurihara).
Kengo Nakamura - 8,5
Bela atuação de Kengo! Entrou muito bem e deu outra cara e mais criatividade ao time, deveria ter começado como titular.
Genki Haraguchi - 8,5
Entrou muito bem, assim como Kengo. Trouxe mais agressividade e penetração ao ataque. Outro que deveria ter começado como titular.
Alberto Zaccheroni - 6
Fez o que um treinador tem que fazer em amistosos contra times fracos: Testes. Porém, poderia ter testado Sakai no lugar de Komano, e ter entrado com Haraguchi no lugar de Fujimoto e Kengo no lugar de Hosogai. Além de ter dado a oportunidade à Mike Havenaar.
Matéria produzida por Gabriel Pazini e Elias Falarz.