sexta-feira, 22 de junho de 2012

Especial 10 anos: Japão faz história

No dia 14 de junho, o Japão entra em campo diante da Tunísia para fazer o último e decisivo jogo do grupo H.
A seleção japonesa estava invicta e muito mais tranquila de que o adversário, até mesmo uma derrota classificava a equipe à segunda fase.
Já a Tunísia, precisava desesperadamente vencer para manter o sonho da classificação.
Jogadores fazem a festa após uma primeira fase impecável (foto by Tomikoshi)

Troussier escalou um time bem ofensivo para o duelo, com Suzuki e Yanagisawa no ataque, Ono e Nakata  pelas alas.
Myojin e Inamoto de médios centrais com Kazuyuki Toda como um porteiro por assim dizer da defesa japonesa, uma espécia de  meia bem recuado, literalmente para acabar com a palhaçada (e foi o que ele fez, foi a melhor partida do Ultraman no mundial, muito mais do que contra a Rússia).
A zaga foi a mesma, o trio Nakata Kouji, Miyamoto e Matsuda.

Os tunisianos vieram de forma mais cautelosa, apenas o craque Ziad Jaziri como homem de frente municiado por Ben Schour, Ghodhbane e Bouazizi.
A estrela do time Trabelsi comandava o sistema defensivo.
Hide mais uma vez fez a diferença, marcou um belo gol e foi o nome da partida. O coração da equipe foi o responsável por quase todas as jogadas da seleção no duelo. Um gênio. (foto by gettyimages/afp)

Como de costume, nada de gols na etapa inicial, no mundial todo o Japão deixou o melhor para o segundo tempo. Não por falta de competência, mas caprichosamente sempre um detalhe acabava atrapalhando.
Este é um fato muito curioso mesmo, em toda a primeira fase o Japão não fez ou não tomou gols.

Vendo que o esquema não surtia efeito, Troussier botou Ichikawa e Morishima no jogo e sacou  Yanagisawa e Inamoto que estavam mal e não produziram nada.
Em compensação, logo de cara o Japão marcou um gol no segundo tempo. Eram dois minutos jogados quando Nakata carregou a bola pelo lado direito e viu Suzuki na área, o zagueiro corta de um jeito medonho e a bola sobra para Hiroaki Morishima fuzilar para o gol.
Com o resultado, além de encerrar de forma invicta a primeira fase, o Japão terminaria na liderança do grupo, algo que nem mesmo os japoneses imaginaram antes da competição.
Morsishima foi fundamental na vitória, além de marcar um gol, criou boas jogadas e fez uma boa dupla com Hide no meio campo (acervo pessoal)

Só após ter tomada o gol, a Tunísia resolveu ir para cima e jogar bola, antes disso o time fez um primeiro tempo de dormir e começou a etapa final da mesma forma.
Eis que surge "o cara", em cada investida de Trabelsi, Ben Achour e Jaziri, Kazuyuki Toda crescia e desarmava todos os lances.
Toda jogou demais, foi o grande responsável por neutralizar o ataque da Tunísia, foi um xerifão e impecável na partida. Os jogadores tunisianos até reclamavam dele, mas Toda com toda sua "delicadeza" botava moral e intimava seus adversários. Dá-lhe Ultraman!
Toda encarando Trabelsi e acabando com a palhaçada! (acervo pessoal)

Aos 30 minutos, Daisuke Ichikawa que entrou na etapa final faz uma bela jogada mais uma vez pelo lado direito cruza e Hide Nakata manda para o gol com um forte cabeceio. A festa estava completa!
Pela pirimeira vez o Japão avança de fase em uma Copa do Mundo e ganha com dois gols de diferença uma partida. O melhor de tudo, como campeão do grupo. Campanha impecável.

Após o apito final, a alegria que começou no campo se espalha por todo o país, numa festa jamais vista pelo futebol, um dos momentos mais lindos que o esporte proporcionou no país.
A seleção em menos de 10 anos de muito investimento e treinamento já havia disputado duas copas e acabara de ir às oitavas de final.
O Japão chegou lá! E chegou jogando muita bola! Não como certos países que no apito e na falcatrua "bateu records e venceu" as partidas.
A muralha azul gritou do início ao fim, os guerreiros nas arquibancadas fizeram toda a diferença (acervo pessoal)

Pena mesmo  a festa ter durado apenas 4 dias, no dia 18 de Junho o Japão foi derrotado pela Turquia e deu adeus para o Mundial, mas de cabeça erguida! Mostrou para o mundo que tem time para dar medo e qualquer um e que pode bater de frente com todos! Aliás, o passar dos anos deu a resposta.
Em 2006 o resultado não foi bom, mas 2010 o mundo voltou a temer os japoneses.
Obrigado por 2002 Japão!
Fica aqui a homenagem ao grande Naoki Matsuda. Eterno em nossos corações.
Ele fez muita diferença no mundial, foi um verdadeiro guerreiro.Obrigado por tudo Matsuda san!
Lendas nunca morrem, com toda a certeza você e seus espírito de vencedor nos da inspirarão na vida, principalmente nos momentos mais difíceis, sabemos que você estará lá nos ajudando, grande Matsuda!

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Especial 10 anos: A primeira vez é inesquecível

No dia 9 de junho de 2002, Japão e Rússia protagonizaram mais um grande jogo na Copa do Mundo.
Protagonizaram no plural mesmo, pelo motivo de ambos terem feito uma grande partida, um duelo de gente grande.

Onze  samurais apoiados por 70 mil guerreiros no estádio de Yokohama (acervo pessoal)

A Rússia apesar do esquema cauteloso com apenas um atacante, estava muito bem municiada no meio-campo com os experientes Karpin, Smertin e Tytov, e com o jovem talentoso Izmailov. .Um meio-campo de dar medo em qualquer equipe. Além de contar com a empolgação da vitória sobre a Tunísia pelo placar de 2x0 na primeira rodada.
Porém, o Japão tinha armas para bater de frente com o paredão russo:
Inamoto, Nakata, Ono e Toda estavam preparados para o duelo em Yokohama.
Kazuyuki Toda, único meia defensivo do Japão na partida teve atuação memorável e segurou os russos com muita raça, disposição e entrega total. Um verdadeiro samurai dentro de campo (acervo pessoal)

As equipes vinham embaladas e com gana de vencer, o Japão queria fazer bonito em casa e também buscava a primeira vitória no mundial, já os europeus, mais um triunfo que praticamente os daria a classificação (a vitória garantiria pelo menos o segundo lugar da chave).

O primeiro tempo como de costume, foi muito bem estudado pelas equipes, com poucos arremates e tentativas ofensivas.
Matsuda, Koji Nakata  e Miyamoto, que entrou no lugar de Morioka, lesionado, compunham a defesa do Japão que foi impecável na primeira etapa.
O ataque bateu um pouco de cabeça com a dupla Yanagisawa e Suzuki.
Outra surpresa foi a entrada de Myojin no meio-campo, que fez um grande jogo.


Mas ao contrário da primeira, a etapa final foi eletrizante desde o início,  e o Japão impôs velocidade e começou a pressionar os russos, tática quase que instantaneamente deu resultado.
Toda (Ultraman haha) rolou a bola para Ono(sempre ele) na ala esquerda, que achou Yanagisawa na área, e o atacante, num passe magistral de primeira, quebrou todo o cinturão defensivo da Rússia e deixou Inamoto sozinho com o goleiro para marcar seu segundo gol no Mundial e o da vitória do Japão.
A festa foi enorme, o estádio de Yokohama tremeu.
Inamoto foi o grande nome japonês do Mundial de 2002 e artilheiro da equipe com dois gols (acervo pessoal)

Após o gol, tudo indicava que o Japão se retrairia e seguraria a vantagem, coisa que não aconteceu.
Os Samurais continuaram indo para cima, mas os russos não facilitaram e bloqueavam quase todas as tentativas ofensivas dos japoneses.
O técnico Troussier, vendo isso, tirou Suzuki, que estava muito cansado e colocou a lenda do futebol japonês, Gon Nakayama, aos 27 minutos do 2º tempo.
O veteraníssimo avançado foi o único atleta a marcar um gol na primeira Copa disputada pelo Japão (1998) e mais uma vez teria a chance de escrever seu nome na história.
Infelizmente, para Gon, isso não aconteceu.
Festa dos japoneses, jogaram muito bem e fizeram por merecer (Foto: Tomikoshi)

A partida acabou 1x0 e o Japão mais uma vez realizou um grande feito, conquistando a primeira vitória em uma Copa do Mundo, melhor ainda, em casa diante de 70 mil pessoas que vibraram freneticamente com a vitória.
Melhor ainda, como Tunísia e Bélgica empataram, o Japão dormiu como o grande líder do Grupo H.
A noite foi perfeita para os japoneses.


Japão líder do grupo,quem imaginou isso antes da Copa começar? (acervo pessoal)

O duelo contra a Tunísia na última rodada definiria de vez quem escaparia  do temido Brasil, líder do grupo C e já garantido como primeiro de seu grupo.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Especial 10 anos: Japão 2x2 Bélgica

Caros amigos, como o tempo voa!
Nem parece que se passaram dez anos do primeiro ponto conquistado pelo Japão em Copas do Mundo.
O empate em 2x2 (poderia até ter sido uma vitória, mas o cruel destino caprichou nessa) foi emocionante do começo ao fim.

Seleção enfileirada diante da muralha japonesa (acervo pessoal)

O Japão tinha o peso do mundo nas costas na estreia, afinal, era o país sede e uma derrota logo de cara poderia prejudicar e muito o planejamento para o Mundial.
Troussier, pensando nisso, resolveu iniciar o jogo com uma escalação mais defensiva, com Morioka, Matsuda e Koji Nakata bem centralizados na defesa e com Inamoto e Toda de volantes.

Pensando em contra-ataques velozes, o francês escalou Ichikawa e Ono pelas alas, deixando Nakata centralizado para criar as jogadas de ataque e municiar Suzuki e Yanagisawa que eram os homens de frente.
A Bélgica também pensando em não perder, escalou um 4-5-1 fechadíssimo e também com a estratégia de jogar no erro do adversário.
O resultado disso foi um 0x0 muito truncado e até um pouco chato no primeiro tempo. Era visível o nervosismo  e o medo das equipes.


Veio o segundo tempo e os dois times mudaram completamente suas atitudes na partida.
Aos 10 minutos, em um apagão da defesa japonesa, o meia belga, capitão  e craque da seleção, Wilmots, em uma bicicleta estilosa botou os europeus na frente.
Mas a vantagem não durou muito: dois minutos depois, Ono em um lançamento preciso de trás da linha do meio campo botou Suzuki na cara do gol, e o atacante, de biquinho, empatou a partida para delírio dos 55 mil japoneses presentes no Saitama Stadium.
Suzuki comemora o empate japonês, era só o começo da alegria (Foto: Fifa.com)

 Com  o empate, Troussier resolveu explorar mais os contra-ataques: tirou Suzuki e colocou o meia ofensivo Hiroaki Morishima, para rodar mais a bola e dar velocidade no meio campo, e tirou Ono e botou Alex Santos.
O resultado foi imediato, Inamoto rouba a bola da defesa, toca para e Yanagisawa e ele volta para Inamoto, que faz fila  e chuta com força para a virada japonesa.
O delírio foi total, o estádio tremia de alegria e vibração!
Yanagisawa delira e corre para a galera em uma das comemorações mais épicas de todas as Copas (acervo pessoal)

O Japão depois do gol começou a abusar de chances perdidas e toque errados, e como diz aquele velho ditado: "Quem não faz, toma!"
Foi o que aconteceu, aos 30 minutos, Wilmots com toda sua genialidade, mandou um lançamento espetacular enganando todo o sistema defensivo japonês, e van Der Heyden sem dificuldade alguma, igualou o marcador.

O Japão poderia ter saído vencedor, merecia a vitória, mas o primeiro ponto marcado pela seleção em Copas do Mundo foi um momento mágico e inesquecível para a história do futebol no país.
Sem contar a bravura dos belgas, que deram combate aos japoneses e fizeram o espetáculo muito mais bonito com um jogo de entrega e dedicação.
Com toda a certeza foi UM GRANDE DUELO DO FUTEBOL MUNDIAL.

Camisa matchworn utilizada na partida (coleção pessoal)